Desde a metade do ano passado, temos conversado com diversas empresas, a maioria de grande porte, todas nacionais, que passaram a viver um cenário de crise.


Sem exceção, todas elas tiveram a oportunidade de agir preventivamente, quando ainda eram lucrativas, tinham reservas de caixa, não estavam endividadas, mantinham um seleto grupo de talentos.


Nenhuma delas percebeu os sinais ocultos que não aparecem nos balanços, nas demonstrações de lucros e perdas, nos budgets. Mas eles estavam lá, visíveis para quem sabe onde procurar, como identificar e como tratar.


Muitas delas chegaram a consultar especialistas quando sentiram os primeiros sinais visíveis no mercado, na rentabilidade, no início de um processo de endividamento.


Quase todas partiram para medidas baseadas no que é visível, no que está documentado. Reduziram despesas, cortaram pessoas, tomaram empréstimos, encurtaram prazos de cobrança, alongaram prazos de pagamento e trouxeram o stress para morar dentro de casa.


Parecia uma solução mais rápida, predominantemente financeira, aparentemente mais barata, na maior parte das vezes envolvendo success fee para consultores e juristas. Entretanto essa pseudo solução tem vida curta pois atua nos efeitos e não nos fatores que geraram a crise.


O que move os resultados de uma empresa não são seus ativos contabilizados, e sim sua alma, sua gente, sua cultura, seus relacionamentos, sua reputação. São os “ativos ocultos”, não aparecem nos balanços. Como a nossa alma, nossa energia vital.


Agora estas empresas estão endividadas, sem lucratividade, perderam diversos talentos, perderam competitividade.

Preventivamente haveria um determinado tamanho de esforço, de investimento, de tempo e de risco envolvidos para corrigir o cenário previsível. E havia recursos para isso.
Agora o esforço, o investimento, o tempo e o risco são muito maiores, sem haver recursos para isso.


Há empresas onde ainda há espaço para realinhar, redirecionar, reorganizar, reinventar e transformar a empresa, exigindo esforços por longo prazo, firmeza de propósito, muita determinação e governança. Algumas destas empresas precisarão passar pelo árduo caminho da recuperação judicial.


Mas, infelizmente, para a grande maioria, “passou do ponto”.

Wladimir R. Palermo é administrador de empresas com diversas especializações na área do Comportamento Humano e autor de algumas das metodologias e processos utilizados nos projetos do grupo BEST IN CLASS®.

Wladimir Rodney Palermo
Wladimir Rodney Palermo é sócio e fundador do
grupo BEST IN CLASS®